Palmira Nery da Silva Onofre nasceu em 29 de junho de 1931, em Bauru, no interior de São Paulo O pai era um comerciante baiano bem-sucedido, e a mãe, de origem italiana, uma dona de casa controladora e que não raramente fazia os cinco filhos manterem a linha à base de chineladas. “Minha mãe me batia muito, diria Palmira em sua autobiografia, “A receita da minha vida” (Benvirá, 2001), lançada quando ela já era famosa em todo o país como Palmirinha, a “Vovó mais querida da TV” Palmira ainda era adolescente, na década de 1940, quando começou a trabalhar, aos 14 anos, como tecelã em uma unidade da Indústria Matarazzo em Bauru. A habilidade com as máquinas de costura seria importante em momentos difíceis, mas foi seu talento com a cozinha que garantiu seu sustento e sua fama durante décadas.
Ainda nos anos 1940, começou a gostar de cozinhar durante uma temporada vivendo em São Paulo com uma francesa, amiga da familia. Foi então que aprendeu sua primeira receita de doce pudim de leite condensado.
Em 1950, novamente em Bauru, ela se casou com o paulista Mário Onofre, em festa que teve até a presença da cantora Dalva de Oliveira, convidada de honra. O casal teve três filhos. Mas, cansada das traições e das agressões do marido, Palmira decidiu se separar de Onofre e mudar com a familia para São Paulo.
Em diversas entrevistas, Palmirinha relembrou com tristeza o casamento. “Eu estava sempre com o olho inchado, machucada, com roxos pelo corpo. Eu trabalhava durante o dia e estudava à noite. Quando chegava em casa, ele achava que eu estava em outro lugar e era aquele aue”, disse ela em 2017.
VOLTA POR CIMA
Foi na capital paulista que a cozinheira começou a fazer bolos e salgados para sustentar seus filhos após se divorciar do marido. “Sempre fui muito independente. Eu ia à luta vender meu salgadinho, meu sonho, meu bolo, tudo para pagar as contas”, escreveu ela.
Nos anos 1980, a chef teve um câncer e chegou a ficarem estado grave, mas se recuperou e voltou ao trabalho com mais disposição. A partir daí, Palmirinha conseguiu trabalho com famílias importantes que lhe abririam muitos caminhos, e assim começou a fornecer refeições para empresas grandes como Vasp, Nestlé e Itaú, entre outras, reforçando sua fama em São Paulo. Sua primeira aparição na TV, no entanto, só aconteceria em 1993, no programa de Silvia Popovic. Ela fora convidada para falar sobre o tema “criei meus filhos sozinha” e, no fim, presenteou a apresentadora com uma bela cesta de salgadinhos. Essa participação despertou a atenção de Ana Maria Braga, que a convidou para participar do seu programa, ainda na Rede Record. Assim, tornou-se colaboradora, por mais de cinco anos, da atual apresentadora do “Mais você”, na TV Globo.O primeiro programa próprio de Palmirinha foi o “TV Culinária”, na Gazeta. Ela também fez participações no humorístico “CQC”. O último trabalho de Palmirinha na TV foi em 2019, como jurada no reality “Chef ao pé do ouvido”, da GNT. Ensinando receitas na TV, que tinha conseguido fazer o seu “pezinho de meia para viver bem na velhice”.
PROBLEMAS RENAIS
Vovó Palmirinha faleceu ontem, aos 91 anos, em São Paulo. Segundo comunicado publicado nas redes sociais pela família, que se disse “consternada e inconsolável”, ela estava internada desde 11 de abril no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e sofria de problemas renais crônicos.Assim que a notícia foi divulgada, personalidades como os atores Ary Fontoura e Tatá Werneck e o chef Edu Guedes manifestaram sua tristeza. A apresentadora Ana Maria Braga publicou um texto em homenagem a ela: “Minha grande amiga Palmirinha. Mãe, amiga e irmã que a vida me me deu. Hoje o céu está mais doce com a tua chegada! Sorte de quem teve o privilégio de tê-la por perto. Meus sinceros sentimentos para toda família”, escreveu Ana no Instagram.
O velório de Palmirinha será hoje, no Cemitério do Morumbi, das 9h às 17h, e estará aberto ao público das 11h às 13h. O sepultamento será reservado apenas para amigos e familiares.
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