Josimar Salum
Conforme a Bíblia ensina, a vinda de Jesus não é uma fuga da terra, mas a manifestação do Reino, a ressurreição dos mortos, o julgamento do mundo e a consumação do propósito eterno de Deus.
Essa compreensão bíblica não permanece teórica. Ela molda diretamente a maneira como o crente vive, como persevera e como organiza sua vida no presente.
O Novo Testamento coloca a esperança do crente não na partida, mas na ressurreição. Paulo deixa claro que, sem a ressurreição dos mortos, a própria fé entra em colapso (1 Coríntios 15:12–19). A promessa colocada diante do crente não é a remoção da história, mas a transformação do corpo dentro da criação redimida por Deus (Filipenses 3:20–21). Por isso, a vida no corpo não é descartável nem temporária em seu valor. O que o crente faz em obediência, fidelidade e perseverança possui significado duradouro, porque o próprio corpo está destinado à renovação, e não ao abandono.
Porque é isso que as Escrituras ensinam, o crente não vive passivamente, aguardando uma fuga, mas vive com presença fiel. Jesus não ensinou seus discípulos a orar pela remoção do mundo, mas para que a vontade do Pai fosse feita na terra (Mateus 6:10). Ele orou explicitamente para que não fossem tirados do mundo, mas guardados fiéis dentro dele (João 17:15–18). Assim, o crente lida com a vida não como um estado de espera provisório, mas como o espaço onde a obediência a Cristo é vivida e provada.
Essa esperança bíblica também governa a forma como o crente vive com responsabilidade. A Escritura afirma que Jesus “há de julgar vivos e mortos, na sua manifestação e no seu Reino” (2 Timóteo 4:1). Porque Cristo vem para reinar e julgar, o crente não adia a obediência nem minimiza a responsabilidade ética. Santidade, integridade, justiça, amor e fidelidade são vividos agora, pois a vida já é vivida diante do Rei que vem (2 Coríntios 5:10).
Conforme a Bíblia ensina, isso também molda a maneira como o crente se relaciona com a criação e com as responsabilidades diárias. Visto que o propósito de Deus é reconciliar todas as coisas em Cristo tanto as que estão nos céus como as que estão na terra (Efésios 1:10) o crente não trata o mundo criado com desprezo ou indiferença. Paulo afirma que a própria criação aguarda libertação, e não destruição (Romanos 8:19–21). Portanto, trabalho, mordomia, responsabilidade e cuidado com o que Deus fez fazem parte de uma vida fiel, e não distrações da vida espiritual.
Essa compreensão também molda a relação do crente com o sofrimento. A Escritura não apresenta o sofrimento como evidência de atraso ou fracasso divino, mas como participação no caminho que conduz à ressurreição e à glória (Romanos 8:17).
O crente não interpreta as dificuldades como algo sem sentido a ser suportado até uma fuga, mas como o contexto no qual a fidelidade é provada e a esperança é purificada.
Em nível pessoal, isso governa a maneira como o crente lida com o tempo e com as decisões. A vida é vivida com propósito, e não de forma dispersa. Jesus falou de fruto que permanece (João 15:16), e Paulo afirmou que o trabalho no Senhor não é em vão justamente por causa da ressurreição (1 Coríntios 15:58).
O crente ordena sua vida, trabalho, família, relacionamentos, vocação e responsabilidades sob o senhorio de Cristo. O tempo é tratado com seriedade, sendo resgatado e não desperdiçado (Efésios 5:16; 1 Coríntios 4:2).
Os relacionamentos também são moldados por essa esperança. Porque o propósito de Deus é reconciliação, o crente não pode viver de forma descuidada com divisões, amargura ou conflitos não resolvidos. Jesus ordena reconciliação, verdade e paz como expressões da vida do Reino (Mateus 5:23–24; Romanos 12:18). O crente lida com as pessoas não como companheiros temporários em um mundo descartável, mas como aqueles diante de quem vive com responsabilidade.
Por fim, a postura do crente em relação ao futuro é de vigilância expressa em obediência, e não de medo ou especulação. A Escritura declara bem-aventurados não os que calculam cronogramas, mas os que são encontrados fiéis naquilo que lhes foi confiado (Mateus 24:46). A prontidão se manifesta na maneira como a vida é vivida agora.
Conforme a Bíblia ensina, Jesus vem não para remover o crente da vida, mas para ressuscitar os mortos, julgar o mundo e consumar o Reino de Deus. Portanto, o crente vive com fidelidade, persevera com paciência, obedece com coragem e espera com confiança na ressurreição, sabendo que nada do que é feito no Senhor é em vão.
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é em vão.”
(1 Coríntios 15:58)
