Há dores que não cabem em palavras. Há notícias que ferem a alma da gente. E há momentos em que o silêncio não é mais uma opção. O que aconteceu com Tainara Souza Santos, atropelada e arrastada pelo ex-companheiro em São Paulo, é uma dessas feridas que nos obrigam a parar, respirar fundo e assumir um compromisso: nunca mais olhar para a violência contra a mulher como algo distante.
Tainara foi vítima de um ato brutal, cruel, calculado. Um ato que não nasce de um instante de raiva, mas de algo muito mais profundo: a ideia distorcida de que um homem tem algum direito sobre a vida, o corpo ou a liberdade de uma mulher.
E, infelizmente, o caso dela não é exceção.
No Brasil, pelo menos quatro mulheres morrem todos os dias vítimas de feminicídio. São mães, filhas, amigas, vizinhas. São histórias interrompidas dentro de relações que deveriam oferecer cuidado, não medo.
A pergunta que fica é: até quando?
Quantas Tainaras ainda vamos perder até entendermos que a violência começa muito antes do golpe final? Ela nasce no ciúme exagerado, nas ofensas, no controle disfarçado de cuidado, na manipulação emocional, nas ameaças veladas, nas portas batidas.
E cresce quando a sociedade escolhe fechar os olhos.
Por isso, hoje, através desta Mensagem do Alan, deixo três chamados:
- Chamado à sensibilidade
Que cada um de nós aprenda a ouvir os sinais.
Porque, muitas vezes, a mulher pede socorro em silêncio.
Um olhar abatido, um afastamento repentino, um medo difícil de explicar.
Que sejamos ouvidos, ombro, apoio — nunca juízes.
- Chamado à responsabilidade
Não basta lamentar.
É preciso orientar, incentivar a denúncia, apoiar, acompanhar, proteger.
É preciso cobrarmos das autoridades o que está na lei, mas não chega a tempo para muitas mulheres: proteção eficaz, resposta rápida, punição exemplar.
- Chamado à mudança
O feminicídio não vai acabar só com polícia, leis e prisões.
Ele acaba quando mudamos a mentalidade que alimenta essa violência.
Quando ensinamos nossos meninos a amar sem dominar.
Quando ensinamos nossas meninas a reconhecer a própria força e a nunca aceitar migalhas de afeto em troca da própria dignidade.
Quando a sociedade inteira assume o compromisso de vida: respeito sempre, controle nunca.
Tainara sobreviveu.
E a luta dela, mesmo tão dolorosa, reacende em nós a esperança de que ainda é possível transformar esse país num lugar mais seguro para as mulheres.
Que sua história não seja apenas tragédia — mas sinal, alerta e recomeço.
E que a nossa voz, aqui no Blog do Alan Ribeiro, nunca se cale diante da injustiça.
Por Tainara.
Por todas.
E pela vida.
