IMG-20230112-WA0015

O ministério não é uma questão de escolha ou opção própria, mas uma questão de vocação. Deus chama homens para o seu trabalho. Ou seja: ele é quem separa homens e mulheres para uma obra específica. A propósito disso, a Bíblia testifica esta verdade, quando diz que Deus chamou Moisés para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia; Josué para suceder Moisés; Gideão para libertar Israel do jugo dos midianitas e Eliseu para assumir o ministério profético no lugar do profeta Elias.

O Deus que chama é o que capacita, que dá os recursos e que se responsabiliza por seus próprios atos: “Se nos preocuparmos com a profundidade de nosso ministério, quer dizer, com a seriedade, a responsabilidade, etc., Deus cuidará de sua largura, ou seus resultados e sucesso”.

A parábola do Bom Samaritano (Lucas 10: 25-37) destaca a verdade de que compaixão, sensibilidade e cuidado são fatores intrínsecos à vida ministerial. Diz o texto que um homem está indo de Jerusalém para Jericó. É atacado por alguns salteadores. Roubam seu dinheiro, batem nele e o deixam à beira do caminho, “meio morto”. Enquanto permanece caído, três homens passam por esse mesmo caminho. A atitude de cada um pode ser vista como prova do grau de sua compaixão.

Dos três, dois deles passaram de largo. Tanto o sacerdote com o levita não pararam nem se envolveram com a situação. Deixaram-no como estava. Todavia, o bom samaritano parou, cuidou dos ferimentos da vítima. Levou o homem para uma hospedaria e cuidou dele, v. 34. Além disso, comprometeu-se em pagar tudo que fosse preciso quando voltasse, vv. 34, 35.

Essa parábola tem tudo a ver com o contexto ministerial ou pastoral, porque pastorear consiste em cuidar, arrebanhar, estar pronto a buscar e curar a ovelha desgarrada. Esse texto bíblico apresenta o quadro de três homens que, dentro do processo da alegoria, tipificaria três tipos de ministério. Vejamos:

1 – Ministério casual, v. 31

Embora Jericó ficasse a apenas 27 km de Jerusalém, a estrada escarpada e traiçoeira apresentava uma descida de cerca de 900 m. O sacerdote não queria se arriscar a perder sua pureza cerimonial, tocando num homem que podia estar morto, incorrendo na contaminação que a lei proibia, Lv 21: 1 ss.

Quando o texto diz que “casualmente” passava pelo mesmo caminho um sacerdote, isso deixa claro que ele não estava disposto para esse momento. Era um sacerdote, mas uma autoridade que não queria se comprometer com o próximo. Ele passou de largo – ou direto. Nem tomou conhecimento se o homem que se encontrava caído estava realmente morto.

Do ponto de vista religioso, as pessoas mais interessadas pelas questões religiosas deveriam ser as mais prontas para mostrar qualidades humanitárias. Até mesmo exemplos modernos mostram que, com frequência, essa é uma suposição falsa, como esta narrativa tenciona ilustrar.

O sacerdote, que deveria mostrar-se mais humanitário e mais simpático para com o sofrimento humano, tornou-se egoísta, passando de largo. É um perigo muito grande exercer o pastorado por casualidade ou uma mera circunstância. Ser pastor por mera casualidade pode levar a algumas reações:

a) a pessoa torna-se egoísta e não tem tempo pra ninguém. À semelhança do sacerdote, está sempre com pressa;

b) não existe amor ao próximo – não sente a sua dor e está sempre ocupado consigo mesmo;

c) à semelhança do sacerdote, vive sempre à distância, porque não quer compromisso com as situações alheias.

O verdadeiro pastor não pode ser dirigido pelas casualidades da vida, mas pelo Espírito Santo.

2 – Ministério indiferente, v. 32

Semelhantemente, descia por aquele lugar um levita, que procedeu do mesmo jeito: “vendo o ferido, passou de largo”. Quer dizer: não fez nada pelo homem necessitado. Para ele era indiferente. Não se preocupou nem se interessou pelo próximo caído na estrada.

É sempre assim: a indiferença é marcada pela atitude do outro: se fulano não fez nada, por que é que eu vou fazer? Do ponto de vista religioso, segundo os ensinos de Jesus, tanto o sacerdote como o levita erraram em seus procedimentos. Talvez não quisessem comprometer a pureza cerimonial, tocando em um homem que poderia estar morto.

O texto é claro em dizer que eles passaram de largo. Nem se interessaram em chegar perto para constatar a verdade.

Jesus não agiu assim ao passar por Samaria e dialogar por um longo período com uma mulher, Jo 4. Havia, pelo menos, três obstáculos que a impediam de falar com Jesus:

Era mulher;

Era samaritana – os judeus não se comunicavam com os samaritanos;

Tinha uma vida moral irregular.

Mas Jesus não se mostrou indiferente. A mulher samaritana foi alcançada pelo poder da Palavra.

Todos sabem que vencer os obstáculos constantes do ministério é um grande desafio para cada pastor. Eles são inúmeros e constantes e, às vezes, insinuam as indiferenças. Mas, com a graça de Deus, podemos vencê-los e prosseguirmos vitoriosos.

3) Ministério diferenciado, v. 33

Certamente, os ouvintes de Jesus esperavam que no enredo dessa história, após o sacerdote e o levita passarem de largo, viria um israelita, leigo. Mas foi um samaritano, que ia de viagem, o que nos leva a crer que era um homem ocupado e compromissado. Ele fez a diferença para com o seu o próximo.

Como judeus e samaritanos eram inimigos, os ouvintes de Jesus devem ter ficado surpresos pelo fato de ele ter escolhido logo um samaritano para ser o herói da história. O sacerdote e o levita não demonstraram nenhum indício de compaixão e amor ao próximo. Estavam presos às circunstâncias e dogmas religiosos.

A sociedade precisa de cristãos, de obreiros e pastores que façam a diferença em meio aos problemas desta vida. A obra precisa de pastores que estejam à disposição do Reino. Homens e mulheres que façam a obra de Deus movidos pela força da vontade divina.

O pastor diferenciado é aquele que sabe o quer, que sabe onde quer chegar, quando chegar e o que fazer para atingir o objetivo. Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósito, afirma o seguinte: “Os crentes crescem mais rápido quando você dá uma trilha na qual eles podem crescer”.

Isso equivale a dizer que o pastor, antes de dar o grito de guerra, tem de preparar o caminho. A Igreja precisa ser a cara do pastor! Para isto, ele é conhecido, pelo menos, por três aspectos:

a) Sua vida de fé em Deus: “Se tudo que acontece em seu ministério é previsível, você não precisa de fé”.

b) Sua vida de intimidade com Deus. Spurgeon ensinava a seus alunos: “Nunca devemos ver a face do povo, antes de ver a face de Deus”.

c) Sua vida de consagração a Deus: “Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade”, Jo 17: 17.

É esse tipo de obreiro ou líder que faz a diferença e que a Deus procura

About Author