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Demóstenes Torres

O empreendedor individual cuja jornada é 7×0 porque almeja abrir filiais. A dermatologista de ótimos resultados que se atualiza em cursos internacionais. O advogado que investe no aprimoramento do escritório. Os engenheiros de diversas áreas que buscam o que há de mais avançado para o avanço de seus projetos. A sociedade uniprofissional que aspira o desenvolvimento para atingir as metas planejadas.
Todos que supõem ajudar o país a partir do êxito das rotinas exaustivas precisam aumentar as horas de dedicação. Se até agora transpirou, após a Reforma Tributária da Reeleição precisa sangrar.
Mas não basta ficar xingando em rede social ou gastar sociologia em mesa de boteco — tem de ir para dentro do Congresso Nacional debater com as lideranças que importam.
De nada vale fazer memes na internet. A tática eficiente é a das centrais sindicais, que mobilizavam, chafurdavam, atazanavam até ver resolvidas suas pendências.
A Ordem dos Advogados do Brasil, os Conselhos Federais, as associações e demais entidades têm o dever de acordar. Caso contrário, seus filiados terão pesadelo a cada boleto. Quem coloca a classe média nas cordas tem certeza de que ela vai se enforcar sem sequer grunhir. Trocadilho em banner no WhatsApp não vai mudar voto de parlamentar — pressão adianta, papo furado é um atraso.
O ódio do governo à BBB, que é como chama a bancada da Bíblia, do boi e da bala, fez com que os partidos que o apoiam derrotassem a tributação ao trio que também batizou de BBB, bilionários, bets e bancos. Atirou tanto que acertou em cheio na classe média. Pega a visão.
Neste 3º mandato, Lula Inácio Lula já fez 56 viagens ao exterior, maior que o número de obras. Nas sete excursões que empreendeu ao Reino Unido desde a 1ª experiência como presidente da República, mesmo sendo zero o interesse por história e arte, pode ter se deparado com os versos na lápide de uma lenda que inspira ladrões no mundo inteiro, a do sujeito que rapinava dos ricos para dar aos pobres:
“Nenhum arqueiro foi tão bom quanto Robin Hood.
Fora da lei como ele e seus homens,
A Inglaterra jamais verá outra vez”.
No Brasil, as versões são adaptadas, tanto do propósito quanto do poema, pois os governos roubam de todos e são retribuídos com reeleições. O salteador nacional pretende manter o lema de nós contra eles, nós os que vivem de sugar o estado e eles os que sustentam o populismo robiudiano. Na imensa floresta de Sherwood que é a selva tributária brasileira, sempre há espaço para destroçar a vontade de crescer, ofensa imperdoável com quem deseja deixar tudo como está para ver como é que fica.
O presidente e seus ministros de esquerda só empreendem mesmo tours ao redor do planeta bancados com o dinheiro público. Arriscam-se bravamente a viver do suor que escorre pelo rosto alheio, de que são amigos, não do suor ou do rosto, mas do alheio.
Do bolso alheio é arrancado até o último tostão. O que têm de inimizade ao trabalho sobra em vingança pelo sucesso de quem crê no risco empresarial, no faro para o comércio, no talento para os negócios, nas ideias para a indústria, no profissionalismo liberal, na habilidade para garantir saúde, enfim, no jeito de se livrar dos cabides em que os governos penduram os dependentes.
A fase é de purgatório. Na diabólica comédia que embala o projeto de reeleição, ou as entidades reagem ou milhões de trabalhadores vão conhecer o inferno por dentro. Lula sempre quis a cobrança de dividendos, não importa se a sua parte vai sair do rendimento da poupança de quem juntou moedinhas desde a infância ou de “valores recebidos a título de indenização por acidente de trabalho, por danos materiais ou morais, ressalvados os lucros cessantes”, conforme prevê o rascunho do caos 1.087/2005 da Câmara dos Deputados.
O que o governo e seus áulicos ementam como “tributação mínima para as pessoas físicas que auferem altas rendas” é a narrativa de Lula e seu ministro da Fazenda tentando roubar da classe média. Existir Imposto de Renda já é uma excrescência, aumentá-lo para subsidiar a campanha eleitoral de reeleição do presidente foge da compreensão de quem almeja manter o texto sem ofensas ou palavrões.
Ideal mesmo é o poder público não se imiscuir, porém, se tiver de se intrometer, que seja para incentivar quem ganha R$ 5 mil por mês a receber R$ 50 mil – isso na iniciativa privada, onde quem paga está ciente de quem recebe vale. Ocorre o oposto. Inventa-se um artigo específico para “altas rendas” como se mudasse o Código Penal para abrigar o “matar alguém”. Antevê-se a publicidade oficial da Reforma Tributária da Reeleição: “Você ganha bem? Prepare a jugular.”
Devido à insaciável sede para ingerir sangue e suor de quem produz, a próxima etapa talvez seja prender quem faz R$ 1 milhão ou mais por ano. Será que esse sujeito se acha melhor que os outros para ganhar 1 milhão honestamente? Vamos para cima dele, ministro, vamos tirar tudo, o relógio, esse sobrado com piscina, a viagem para… não, a viagem vamos deixar, porque virou uma novela, êta mundo bom que a demagogia aprimorou para êta mundo melhor.
Os burocratas não disputam seus rendimentos a cada dia. Dê o que der, aconteça o que acontecer, o depósito é feito na conta. Por isso, acham que tributar dividendos e lucros de um escritório é o mesmo que amealhar os ganhos de conglomerados. Não sabem do reflexo na consulta médica, nos honorários pagos pelos injustiçados, nas plantas das residências dos não alcançados por “Minha casa, minha dívida”.
A fúria para destroçar a classe média não é demonstrada para acabar com isenções fiscais que pularam para 5,96% do PIB, segundo o Tribunal de Contas da União, mais 8,5% do PIB para pagar juros da dívida – R$ 12,6 trilhões nos últimos 23 anos, como noticiou o Poder360. “O maior gasto anual foi em 2024, no 2º ano Lula 3: R$ 988 bilhões. O recorde anterior havia sido registrado em 2015, no governo de Dilma Rousseff (PT), com R$ 845,7 bilhões”, informa este jornal eletrônico.
Em vez de ir atrás de quem sonega trilhões, o governo cai matando sobre quem mata a sua fome de dinheiro. Como na definição do clone britânico, “fora da lei como ele e seus homens a Inglaterra jamais verá outra vez”, igual à reforma, que é para inglês ver.

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