
Estado já tem 253 negócios de capital chinês ou filiais de empresas, em investimentos que vão desde a instalação de indústrias até grandes obras de infraestrutura
A China está investindo, cada vez mais, em Goiás. Investidores chineses desembarcam no estado com a instalação de filiais de empresas ou anunciam investimentos em grandes obras de infraestrutura nas áreas de energia e transportes em municípios goianos. O estado já contabiliza 253 empresas de capital chinês ou filiais de empresas chinesas, entre atuais e futuros empreendimentos de vários segmentos, da extração de minérios à produção de máquinas e equipamentos de alta tecnologia.
Um dos investimentos de maior destaque é a construção da ferrovia Transoceânica, que vai conectar os litorais do Brasil, no oceano Atlântico, ao do Peru, no Pacífico, passando pelo município de Mara Rosa, no norte do estado. A Infra S.A., empresa pública ligada ao Ministério dos Transportes, vai trabalhar com o Instituto de Planejamento e Pesquisa Econômica da China State Railway Group para o desenvolvimento de estudos de viabilidade da ferrovia.
O empreendimento pode custar até US$ 100 bilhões, ou cerca de R$ 550 bilhões. A expectativa é que a parte mais significativa dos trilhos, que compreende os eixos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), seja leiloada no primeiro semestre de 2026, conectando Ilhéus (BA) e Lucas do Rio Verde (MT). Com a obra, o país asiático terá acesso mais rápido e barato às commodities brasileiras, como soja e minério de ferro. No caminho inverso, produtos industrializados chineses chegarão com mais rapidez à América do Sul.
O Grupo Anglo American vendeu a totalidade do seu negócio de níquel no Brasil para a empresa MMG Singapore Resources, subsidiária da MMG Limited (MMG). O valor do negócio pode chegar a US$ 500 milhões e inclui dois ativos operacionais de ferroníquel em Barro Alto e em Niquelândia. Cao Liang, CEO da MMG, disse que a aquisição da operação de níquel proporciona uma diversificação importante para o negócio e fortalece a ação na América Latina.
Com investimento de R$ 18 bilhões, o Projeto de Ultra-Alta Tensão no Nordeste do Brasil, que terá uma linha de transmissão de 1.468 quilômetros para o escoamento da energia gerada por usinas eólicas, solares e hidrelétricas na região Nordeste, foi lançado em Silvânia. O empreendimento, considerado a maior concessão de transmissão de energia da história do País, vai impulsionar a infraestrutura elétrica do estado e também terá capital chinês.
O projeto prevê a construção de uma linha de transmissão em corrente contínua em ultra alta tensão (800 kV), entre Graça Aranha (MA) e Silvânia. O prazo de concessão para a linha é de 30 anos e as intervenções já começaram. A obra é comandada pela State Grid Brazil Holding (SGBH), subsidiária da gigante global State Grid China Corporation (SGCC), com previsão de conclusão em 2029.
O diretor-geral da State Grid Internacional Development Limited (SGID), Yu Lei, disse que após a conclusão, o projeto aumentará a capacidade de escoamento da energia renovável do Nordeste, além de reforçar o fornecimento para a região metropolitana de Brasília e o entorno. Segundo ele, esta é uma iniciativa com impacto na otimização da matriz energética brasileira e no avanço da transição energética limpa.
A multinacional chinesa Teld Eco Charger confirmou a construção de uma fábrica de carregadores elétricos no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), com investimento de R$ 100 milhões. A Teld Eco Charger detém 42% da produção de carregadores elétricos na China e é uma das líderes globais na fabricação de equipamentos para carros e ônibus elétricos. A empresa também implantará três eletropostos de carregamento rápido em Goiânia, com recarga de até 20 minutos.
O investimento reforça a posição de Goiás como polo estratégico para a indústria de energética asiática no Brasil. O acordo foi formalizado após negociações iniciadas em uma missão oficial à China, em 2023. “O fato de essa gigante asiática ter escolhido se instalar no estado demonstra a potência da economia goiana, que está na vanguarda do desenvolvimento sustentável”, disse o secretário de Indústria e Comércio de Goiás, Joel Sant’Anna, que foi à China oficializar um acordo com o vice-presidente da Teld, Tiecai Liu.
Para o secretário, empresas já instaladas aqui, como a Weichai, a maior fabricante de máquinas da China, têm despertado a curiosidade de outras por Goiás, que tem toda infraestrutura necessária para os investimentos. “Em um ano, fui quatro vezes à China, convidado para assinar protocolos, com eles mandando a passagem e a hospedagem, diante do grande interesse por nós”, diz o secretário.
A montadora chinesa GAC Motor confirmou que instalará fábrica em Catalão, como parte de um investimento total de US$ 1,3 bilhão no Brasil. A GAC planeja produzir três modelos de carros na fábrica: um híbrido e dois elétricos. A inauguração da fábrica está prevista para o segundo semestre de 2026. O CEO da GAC Motors, Feng Xingya, disse que a marca adota um modelo de produção verticalizado, com todos os componentes feitos na própria fábrica.
A multinacional chinesa Xamano Group vai se instalar em Goianésia para produzir amônia e fertilizantes. Os chineses utilizarão o parque industrial do Grupo Jalles Machado, onde investirão cerca de R$ 53 milhões em um projeto-piloto inédito. O presidente da Xamano Group, Wei Wang, explicou que, como a produção envolve um modelo de negócio econômico, em um futuro próximo, deve ser replicado em grandes fazendas por todo o Brasil, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura. A meta é produzir 2,6 mil toneladas de amônia por ano.