Há feridas que não gritam — mas moldam cada gesto, cada palavra contida, cada medo de sentir de novo. A vida segue, a gente tenta amar, tenta se adaptar, mas no fundo sabe: há dores que ficaram abertas tempo demais. E o que não cura… contamina. Contamina o afeto, a reação, a fé nas pessoas e até a forma como a gente se enxerga no espelho.
Curar não é fingir que nada aconteceu. É parar de viver como se ainda estivesse acontecendo. Não é ser forte o tempo todo — é ter coragem de olhar o que doeu, limpar, e não deixar que a dor conduza seus próximos passos.
Há um lugar dentro de nós que precisa de paz urgente: o espaço onde guardamos o que não conseguimos dizer. Quando a gente decide cuidar do que sangrou em silêncio, algo muda. Porque ferida tratada não vira rancor… vira sabedoria.
E às vezes, a maior cura não vem da vingança, mas da reconstrução.
