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Machado de Assis, com sua genialidade crítica, nos presenteou em Teoria do Medalhão com uma reflexão que, apesar de escrita no século XIX, permanece assustadoramente atual. No conto, um pai aconselha o filho a trilhar o caminho do prestígio social não pela profundidade do conhecimento ou pela originalidade das ideias, mas pela habilidade de parecer culto, eloquente e respeitável. O “medalhão” é, portanto, a metáfora do homem que brilha por fora, mas permanece raso por dentro.

A lição de Machado, no entanto, é irônica. O escritor não exalta esse comportamento; ao contrário, denuncia uma sociedade que valoriza mais o espetáculo que a essência, mais o verniz que a verdade. Ele mostra como é fácil ocupar espaços de destaque com frases feitas, contatos influentes e aparências bem ensaiadas, sem jamais tocar o cerne da sabedoria.

Essa crítica ecoa em nosso tempo. Hoje, em meio a redes sociais e ambientes de visibilidade constante, a tentação do “medalhão” é ainda maior. Muitas vezes confundimos a imagem com a verdade, o discurso com a prática, a aparência de sucesso com a real construção de valor. Porém, como Machado nos alerta, essa é uma vitória frágil, que dura apenas enquanto dura o brilho da superfície.

A mensagem que fica é simples, mas poderosa: não basta parecer, é preciso ser. O verdadeiro mérito nasce do esforço, da humildade em aprender, da coragem de questionar e da constância no bem. Aparência pode até abrir portas, mas é a essência que mantém os alicerces firmes.

Que essa reflexão nos ajude a escolher menos o caminho do ornamento e mais o da autenticidade. O mundo já está cheio de medalhões; o que ele precisa, de fato, são pessoas comprometidas com a verdade, com a profundidade e com o bem comum.

Modo mais simples como a vida
Alan Ribeiro — seu melhor amigo!

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