
Neste 28 de junho, Raul Seixas completaria 80 anos. O tempo, implacável para os corpos, jamais conseguiu apagar o brilho de uma mente inquieta, de um coração transbordante e de uma alma eternamente livre. Raul vive — e viverá — em cada acorde que ainda ecoa nas ruas, nas rádios, nas rodas de violão e nos corações de todos que ousam pensar diferente.
Raul foi muito mais que um cantor. Foi poeta, profeta, revolucionário. Um visionário que misturou o rock com o baião, a filosofia com o cotidiano, a lucidez com a loucura. Viveu intensamente, como se soubesse que o tempo lhe era curto. Sua carreira, embora meteórica, deixou uma marca profunda, impossível de ser esquecida. Raul morreu jovem demais, em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, vítima de uma pancreatite agravada pela diabetes e pelos excessos. Mas, como ele mesmo dizia: “Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
Raul tocou nas feridas do mundo com coragem. Cantou sobre liberdade, contestou autoridades, falou de amor, dor e espiritualidade com a mesma facilidade. Suas letras continuam mais atuais do que nunca. Em tempos de crises, ainda nos lembramos que “é chato chegar a um objetivo num instante”, e que “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade.”
Hoje, celebramos Raul Seixas com emoção, porque sua música é eterna. Porque sua mensagem continua a inspirar aqueles que se recusam a viver no automático. Porque sua voz, rouca e visceral, ainda sussurra nos ouvidos dos que buscam um sentido maior na vida. E porque ser “maluco beleza” talvez seja, no fundo, a única forma lúcida de enfrentar o mundo.
Parabéns, Raul. Onde quer que você esteja — na nave espacial, no trem das sete ou num plano que só você soube acessar — saiba que aqui, sua revolução continua.