
O tempo passou e nos formamos em solidão.
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas.
Ninguém avisava nada… o costume era chegar de paraquedas mesmo.
E as pessoas recebiam alegres a visita.
Quando saíamos, os donos da casa ficavam no portão até que virássemos a esquina.
E ainda nos acenávamos.
E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela visita.
O tempo passou e nos formamos em solidão.
Temos bons professores: televisão, netflix, internet, redes sociais, Whatsapp…
Cada um na sua e ninguém na de ninguém.
Não se recebe mais em casa.
Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa: ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas.
Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, dos biscoitos…
Que saudade das visitas de outrora!!! (José Antônio Oliveira de Resende)