Integrantes da cúpula do PL sugerem ao ex-presidente desembarcar da campanha de Fred Rodrigues. Político goiano é acusado de crime de falsidade ideológica.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL), diante do escândalo do caso Fred Rodrigues, em Goiânia, aconselharam o ex-presidente a se afastar do político goiano após o fato tornar-se público e nacional.
Fred é acusado de prática de crime de falsidade ideológica após se apresentar para cargo público sem diploma, quando a função exigia, e também quando declararou ter ensino superior (graduação em direito) na Justiça Eleitoral.
O ex-presidente já teve experiência semelhante às vésperas das eleições de 2022, quando perdeu para Lula. Na época, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), foi flagrada em perseguição a um homem negro. O caso teria prejudicado a imagem de Bolsonaro nas urnas.
Diante da exposição na mídia nacional, o núcleo da executiva do PL, segundo apurou o jornal “O Globo”, teria aconselhado o ex-presidente a desembarcar da candidatura, pois o agravamento pode afetar a imagem de Bolsonaro e do movimento conservador.
Os integrantes da cúpula do PL enviaram sinais ao presidente de que a prática fere o Código de Ética da sigla, que o grupo político tende a usar para criar uma imagem moral durante a campanha de 2026.
Os integrantes do PL alegam que o próprio Bolsonaro quando presidente agiu rápido no caso do ex-ministro Carlos Decotelli pelas mentiras em currículo. “A avaliação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro é que a informação falsa, confirmada pelo próprio candidato, põe em xeque a retidão exigida pelos eleitores conservadores”.
Segundo o jornal, dois integrantes da Executiva defendem um processo interno para punir Fred Rodrigues.
O grupo do PL afirma que a conduta coloca em risco a imagem que se tenta estabelecer para o grupo e a manutenção do apoio ao goiano prejudicaria os planos do PL para voltar a disputar a presidência da República em 2026.
“Conduta reprovável”
A reportagem que consultou as lideranças cita o artigo 10 do Código de Ética do PL como o tipo supostamente infringido pelo político: “Agir com improbidade ou má exação no exercício de cargo ou função pública, ou partidária, ou assumir conduta pessoal reprovável”.
Bolsonaro teria agendado acompanhar Fred durante a votação no próximo domingo, 27, mas os aliados do presidente recordam que a situação deve se agravar na medida em que a Polícia Federal, Civil e Ministério Público iniciarem as investigações e realizarem diligências.
As provas seriam abundantes, como o fato do candidato, quando entregou seu plano de governo para Goiânia, ter se apresentado como “bacharel em direito”. Ou as gravações que circulam nas redes em que o “candidato de Bolsonaro” diz ser formado, em um debate realizado pela TV Record, mas que, na verdade, é apenas “mais um dos mesmos do Capitão”, como circulam memes nas redes.
Não bastasse as várias vezes em que se revelou formado, o candidato bolsonarista publicou no próprio perfil um histórico escolar para fazer crer seus seguidores de que tem formação superior.