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Ipameri é destaque

Gerando 100 mil empregos na indústria da moda, o programa estadual visa atender à crescente demanda por mão de obra da Região da 44

“Algumas mulheres que chegaram aqui para fazer o curso estavam com problemas de depressão por causa da pandemia e o convívio com outras mulheres em um ambiente alegre curou essas senhoras. Hoje são alegres e felizes e ainda podem levar o pão para casa”, diz coordenadora em Bela Vista de Goiás.

Lançado pelo governo de Goiás através da Secretaria de Estado de Indústria Comércio e Serviços (SIC) em 2022, o Programa Cinturão da Moda tem impulsionado o crescimento do setor de confecção de artigos de vestuário e acessórios crescendo 426% no Estado, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a novembro de 2023, em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

O projeto Cinturão da Moda foi criado com o intuito de impulsionar a indústria têxtil e de confecção no Estado. Nos últimos dois anos, já foram confeccionadas mais de 100 mil peças de roupa, comercializadas na região da 44; foram criados centenas de empregos e qualificação de mão de obra, de acordo com a gerente de projetos da SIC, Vera Regina Aguiar. “Nossas expectativas já foram superadas”, pontua.

O programa visa fomentar o desenvolvimento da indústria da moda na região, promovendo a produção, o consumo e a exportação de produtos de moda. Também busca apoiar o empreendedorismo no setor e promover a geração de emprego e renda para os trabalhadores da região.

O objetivo do programa é movimentar a economia goiana, gerando cerca de 100 mil novos postos de trabalho no Estado na indústria da moda. Pretende-se fazer uma conexão com o polo da Região da 44, em Goiânia, para suprir a demanda por mão de obra.

Através de parcerias entre o Estado, prefeituras, setor empresarial e entidades como a Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Sebrae, Senai, Goiás Fomento, Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB) e empresas do setor têxtil e de confecção, busca-se estabelecer uma logística para capacitar costureiros(as) nos municípios, quando necessário, e aplicar a mão de obra na criação de produtos comercializados na Região da 44, que foi afetada no período mais crítico da pandemia da Covid-19. O projeto também prevê a abertura de cooperativas e a construção de galpões regionais para o desenvolvimento das atividades.

Vera Regina Aguiar, coordenadora geral do Cinturão da Moda, explica que o nome “cinturão” é porque tem o objetivo de abraçar os municípios com a região da 44. “Somente lojistas associados na AR44 são mais de 16 mil, e temos um termo de cooperação técnica para que o projeto venha atender a todos que optarem por fazer parte. O pagamento para as costureiras é feito pelos empresários, normalmente por peça produzida”, diz.

Vera esclarece que os municípios podem fazer o convênio com o governo e, por intermédio do Colégio Tecnológico do Estado de Goiás (Cotec), viabilizar os cursos. Ao término, os participantes receberão um cartão do Goiás Social que possibilitará o financiamento dos equipamentos de trabalho.

Vera ressalta que Goiás é o segundo polo distribuidor, porém, ainda é o sétimo em produção. “Nosso objetivo com o programa é colocar o Estado em primeiro lugar na distribuição até 2025, mas também a médio prazo em produção. Estamos no centro do país, e quem vai para São Paulo e o Nordeste passa por aqui. Se nós tivermos uma produção que atenda esses compradores, eles comprarão em Goiás”, prevê.

O projeto foi apresentado para 46 municípios, sendo que apenas 28 se interessaram e estão produzindo pelo programa, e apenas seis têm cooperativas efetivamente com CNPJ aberto. Os números de peças produzidas são expressivos, informa Vera Regina. De acordo com dados do programa, já são mais de 112 mil peças em apenas dois anos.

Lauro Naves, presidente da AR44, sinaliza que o maior problema do setor de confecção em Goiás é a produção, agravada pela falta de mão de obra. “Quanto maior a produção, mais produtos teremos para ofertar ao cliente”, lembra. Lauro destaca que o projeto tem funcionado dentro da normalidade e tem tudo para se tornar o principal programa de inclusão social do Estado.

Lauro destaca que o maior concorrente do setor hoje é a China, devido à grande produção em larga escala que os chineses têm. E o Programa Cinturão da Moda, segundo ele, colocará Goiás como referência em produção, além de implantar a chamada indústria limpa, ou seja, não poluente. “Ademais, serão milhares de geração de empregos com custos baixos”, disse. Lauro esclarece que o Cinturão da Moda não irá prejudicar os costureiros(as) da capital. Ele diz que será o contrário, pois o projeto é para aumentar a oferta que hoje é deficitária. “Temos demanda para no mínimo uns 10 mil profissionais em curto prazo”, avisa.

Como fica inviável a reportagem se deslocar até os 28 municípios para mostrar o que está sendo feito através do programa, o Jornal Opção enviou uma equipe para as duas cidades pioneiras no projeto: Bela Vista de Goiás e Cristianópolis, onde pôde conversar com os responsáveis pelo programa e com os profissionais da costura.

Ipameri

 Fátima Fernandes de Jesus, 59 anos, mãe de três filhos adultos e moradora de Ipameri, cidade localizada no sudeste goiano, é formada em letras e se aposentou após lecionar ao longo da vida. Fátima conta que, para evitar a ociosidade, decidiu fazer o curso de costura disponibilizado pelo Cinturão da Moda em parceria com o governo municipal.

Fátima relata que não tinha experiência na área, mas o curso despertou sua paixão pela profissão. “Comecei o curso e logo me apaixonei. Ao terminar as aulas e estar apta a costurar, comprei máquinas e comecei em casa mesmo, junto com algumas colegas”, lembra. A costureira destaca que todos os prefeitos deveriam apoiar o Programa Cinturão da Moda, pois ele tem o potencial de mudar a realidade financeira dos participantes.

Em Ipameri, existe uma cooperativa que facilita o trabalho dos profissionais da costura, incluindo a aquisição de máquinas e equipamentos de trabalho. Fátima Fernandes destaca que o programa transformou a vida de muitas pessoas na cidade. “Tem homens que aderiram à costura, mas a grande maioria ainda são mulheres e muitas delas não tinham renda nenhuma e hoje ganham no mínimo um salário por mês, isto deu dignidade e trouxe alegria para esses profissionais”, reitera.

Bela Vista de Goiás

A cidade foi o primeiro município a aderir ao programa Cinturão da Moda do governo de Goiás. A prefeita Nárcia Kelly (PP) afirmou que pretende transformar a cidade “como referência em Goiás” na área de confecção. “Nossa localização é muito boa do ponto de vista logístico. A gente tem mão de obra para isso. Daqui a dez anos, é muito possível pensar que Bela Vista possa sim se transformar em um polo”, disse.

De acordo com Nárcia, em Bela Vista, são 30 mulheres que fazem parte do programa estadual, confeccionando 100 mil peças por mês. “Hoje, essas costureiras que estão trabalhando no projeto é como se fosse uma incubadora do que a gente quer para Bela Vista. Temos o galpão, com as máquinas, a professora, um carro que busca e leva até as confecções da 44 e o dinheiro vai para as costureiras”, revelou.

A prefeita relembrou que Bela Vista iniciou um projeto ainda em 2009, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que oferta o curso de corte e costura na cidade. “Temos mais de 2 mil mulheres formadas. Bela Vista fez parte da fase inicial do Cinturão da Moda”, afirmou. Ela acrescenta que, se preciso for, o município fará mais aquisição de máquinas.

Maria Serenita de Jesus Veiga, 60, com mais de 40 anos de experiência com costura, é a coordenadora do programa em Bela Vista. Serenita é a responsável por ensinar para as novatas a arte da costura. A coordenadora enfatiza que o programa levou qualidade de vida para as pessoas.

Serenita relembra que o início não foi fácil, pois os lojistas da 44 não acreditavam que o trabalho das costureiras sem experiência seria de qualidade. “Muitas vezes tínhamos que pedir até pelo amor de Deus para nos dar uma chance, que confiassem em nós. Uns aceitaram e outros não. Mas, hoje, depois de dois anos, não nos falta trabalho, graças a Deus”, frisa.

Serenita explica que os lojistas precisam de qualidade e tempo curto de entrega das costuras e isso, os profissionais do programa sabem fazer bem. “Nossa qualidade é 100%”, garante.

Maria de Fátima Pereira Braga, 63, é casada e reside em Bela Vista de Goiás há cinco anos. Maria descreve que estava desempregada e isso a deixava triste, porém, sempre desejou fazer um curso de costura, mas não tinha condições, e quando soube do programa, não perdeu tempo.

“Sou uma das primeiras a fazer minha ficha em 2019, só que aí veio a pandemia e teve que parar, mas quando voltou eu recomecei e hoje tenho meu trabalho e uma renda considerável o ano inteiro. O programa mudou a minha vida”, disse, com sorriso no rosto.

Leidiane Souza Costa, casada e mãe de dois filhos pequenos, mora na cidade há cinco anos, e assim como os colegas, estava sem emprego. Leidiane relembra que veio do interior do Maranhão, onde não tinha perspectiva de melhora financeira, em busca de melhorar de condição, mas ao chegar na cidade, por não ter uma profissão, não encontrou facilidade.

No entanto, ao saber que o programa disponibilizava o curso sem custo nenhum, não pensou duas vezes. “Eu sempre tive vontade de trabalhar como costureira, mas nunca tive dinheiro para pagar as aulas. Esse curso foi a melhor coisa que aconteceu comigo, hoje tenho uma profissão que não falta trabalho e uma renda fixa”, agradece.

Josebias Alves de Oliveira e Anatalina Bonfim de Oliveira são casados há mais de 40 anos e trabalham juntos na costura. Josebias ressalta que até a chegada do programa para a cidade, ele não pensava em se tornar um costureiro. Josebias informa que sempre foi mecânico industrial, mas estava aposentado da profissão.

O homem lembra que a esposa que já costurava resolveu fazer parte do programa, e ele tinha que lavá-la e buscá-la todos os dias no galpão onde são realizados os trabalhos, e um certo dia decidiu virar costureiro. “Como eu tinha que ir lá no galpão duas vezes por dia, eu pensei que poderia aprender também, foi aí que perguntei para a dona Serenita se com a minha idade eu aprenderia (Risos) e ela disse que sim, então eu fiz e hoje estamos trabalhando juntos.”

Josebias diz que no mesmo dia já conseguiu fazer alguns cortes e não demorou para sair as primeiras costuras. “Virei costureiro por acaso e não me arrependo”, garante.

Anatalina expressa que o marido a surpreendeu com seu aprendizado rápido e confessa que gostou da ideia. “Tem todo meu apoio. Além de estarmos mais tempo juntos, também aumentamos nossa renda mensal com os dois produzindo. Eu tinha certeza de que ele ia conseguir; ele é inteligente e quando ele coloca alguma coisa na cabeça ninguém tira até que ele consiga fazer”, atesta.

Na casa de Zarlei de Abreu, todos trabalham com costura. A esposa Maria Inês é a precursora da profissão na família, com dez anos de experiência. Zarlei relata que, antes dos decretos de fechamento por conta da pandemia, ele tinha desfeito de todos os bens da família com a intenção de ir para fora do país, mas aí veio a Covid-19 e frustrou os seus planos.

Zarlei trabalhava como encarregado de produção e era muito estressado por causa da baixa qualidade de vida, o que, segundo ele, prejudicava o relacionamento com a esposa e as filhas. O homem conta que a costura trouxe harmonia para o lar. “Já tem quatro anos que decidi aprender essa arte da costura e se soubesse que seria tão bom assim teria feito antes. “Sou um novo homem, temos qualidade de vida aqui em casa. Não somos ricos, mas temos paz. Na minha antiga profissão eu ganhava um pouco mais, porém, nada paga estar com minha família o tempo todo”, agradece.

Mariana Rocha, 21 anos, é filha do casal e costura desde os dez anos. Atualmente, ela está cursando psicologia, e embora tenha ganho uma bolsa, todas as outras despesas do curso são custeadas pelo que ela ganha com a costura. “Trabalhar em casa me permite definir meu horário e estar próxima da minha família, mas confesso que quando me formar, pretendo seguir minha profissão”, diz Mariana.

Zarlei destaca que a chegada do programa à cidade tem beneficiado muitas pessoas desempregadas e melhorado a renda daqueles que já trabalhavam na área. “No nosso caso, já tínhamos alguns clientes, mas o programa nos permitiu ampliar essa base de clientes e impulsionar nosso faturamento. Apesar do trabalho árduo, é gratificante”, diz.

Cristianópolis

Claudinéia Clara Ramos, líder da categoria em Cristianópolis, esclarece que o programa foi implementado na cidade em 2022 e despertou o interesse de muitas costureiras. Ela observa que, embora a maioria já fosse costureira, todas independentemente disso, precisavam realizar o curso oferecido pelo programa em parceria com o Senai. No entanto, para Claudinéia, obter um diploma do Senai as qualifica ainda mais como profissionais.

Claudinéia destaca que as costureiras e outras pessoas interessadas em uma profissão ficaram entusiasmadas com o programa. “Inicialmente, tivemos 40 inscritos que concluíram o curso. No entanto, apenas 20 estão trabalhando, e 18, mesmo estando capacitadas, estão desempregadas. As que estão atuando possuem máquinas, enquanto as outras que não têm o equipamento não conseguem trabalhar. Faço um apelo à prefeita ou à secretária do governo para ajudar essas pessoas a adquirirem as máquinas. Aqui há muitas pessoas querendo fazer o curso, mas são indivíduos sem renda. Como poderão comprar máquinas sem auxílio do governo?”, questiona.

Silvana de Souza Carvalho, 43 anos, casada e mãe de quatro filhos, é de Mato Grosso do Sul e reside na cidade há 20 anos. Ela relata que sempre trabalhou na área da costura, mas a única fábrica têxtil da cidade fechou, deixando-a desempregada, assim como outras amigas.

Silvana elogia a chegada do programa à cidade, mas critica a gestão municipal por não ajudar as profissionais a adquirirem as máquinas. “O programa é excelente, mas não adianta nada se as mulheres não tiverem máquinas para trabalhar. A prefeita providenciou o galpão, a energia e a logística, mas até agora não doou uma única máquina. Acredito que os prefeitos deveriam fazer o máximo para ajudar os eleitores a progredirem”, desabafa.

A mulher revela que em sua família, sete profissionais poderiam estar trabalhando, mas, por falta do equipamento de trabalho, apenas ela está produzindo. “Quero pedir à prefeita que olhe com carinho para nossa população e viabilize uma forma para essas pessoas conseguirem as máquinas”, enfatiza.

Dorcas Lopes de Oliveira, 51 anos, dona de casa que reside em Cristianópolis há seis anos, é uma das profissionais que fez o curso, mas não possui a máquina. Ela conta que tinha um equipamento de trabalho, mas precisou vendê-lo por necessidade. “Fiz o curso, fiquei toda animada com a possibilidade de ter uma renda e ser útil, mas estou aguardando uma máquina desde então”, disse Dorcas.

Dorcas comunica que o que era alegria se transformou em frustração, pois vê suas amigas trabalhando enquanto ela não pode. A dona de casa ressalta que não está pedindo uma máquina gratuitamente, mas sim que ajudem a conseguir um financiamento. “Se conseguirmos financiar, com o trabalho, cada uma será capaz de pagar por sua máquina. É só isso que queremos”, exclama.

Resposta da Prefeita

Juliana Izabel de Paula Costa (UB), prefeita de Cristianópolis, rebate às críticas esclarecendo que o município abraçou o projeto, sendo um dos primeiros a aderir ao cinturão, e imediatamente disponibilizou o local para o funcionamento das atividades, com toda a infraestrutura necessária.

Sobre a compra das máquinas, a gestora afirma que as costureiras não quiseram participar do sistema de cooperativa, o que dificulta o financiamento. “Para financiar, precisa ser em cooperativa”, diz Juliana. No entanto, a prefeita destaca que já levou essa demanda ao Governador, e ele se comprometeu em ajudar. “Os profissionais precisam fazer o curso do Cotec para receberem o cartão do Goiás Social, que facilitará o financiamento das máquinas”, lembra. Juliana afirma que a prefeitura não tem condições de assumir o compromisso das compras neste momento, mas estudará essa possibilidade.

Santa Tereza de Goiás

A cidade que fica no Norte de Goiás, possui cerca de 4 mil habitantes, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente Sustentável, Adriano Marques – o programa transformou a vida dos participantes e melhorou a economia da cidade. Adriano conta que tornar Santa Tereza de Goiás em um polo de confecção sempre foi um sonho do prefeito Edson Palmeiras (UB), que mesmo antes de saber da existência do Cinturão da Moda já havia comprado 15 máquinas para iniciar um curso.

Adriano Marques destaca que foram informados do programa pelo Senai, quando, na ocasião, contratou a escola para ministrar aulas para 20 alunos interessados em aprender a costurar. O secretário informou que somente para essa turma a prefeitura investiu R$ 30 mil. “Fazer parte do programa proporcionou uma economia para os cofres da prefeitura. Como a cidade é pequena, a nossa renda também é. Agora todas as despesas dos cursos são pagas pelo Estado”, diz agradecido.

Adriano lembra que o programa deu oportunidade de trabalho para quem quer trabalhar. Todavia, o secretário ressalta que algumas pessoas fizeram o curso, mas optaram por não exercer a profissão. “Temos 60 profissionais formados pelo Cinturão da Moda, no entanto, não sei por qual motivo, grande parte não está atuando. Imagino que é porque não querem perder os auxílios que recebem”, disse com certa indignação.

Adriano explica que a prefeitura disponibilizou o galpão e toda a infraestrutura necessária para que os interessados trabalhassem, inclusive adquirindo outros equipamentos, caso preciso for. De acordo com ele, após transformar em cooperativa, foi que as pessoas que recebem auxílios desistiram do programa. O secretário frisa que a prefeitura não faz um gasto e sim um investimento. “Uma vez que damos oportunidades para os moradores possuírem uma renda, consequentemente o município irá ter um aumento na sua arrecadação, pois essas pessoas vão gastar no mercado local. O gestor que pensa assim promove o crescimento do município”, conclui.

Lojistas

Lucas Roberto Silva, 32, empresário do ramo têxtil realça que conheceu o programa através do presidente da AR44, Lauro Naves. Lucas revela que já vinha conversando com outros empresários sobre a escassez de mão de obra em Goiânia, e o Lauro falou sobre o programa que ainda era somente um projeto.

Lucas pontua que os gastos estavam muito alto por conta da logística e o projeto trouxe uma melhora, mas por outro lado, uma certa desconfiança. “Confesso que no início foi complicado porque nós estávamos apostando em profissionais recém-formados e sem experiência. Para nós a qualidade e a agilidade andam juntas. Contudo, posso afirmar que me surpreendi com o trabalho desse pessoal, que, aliás, estão de parabéns”, sublinha.

Para ele, outro fator de relevância, é a questão da logística. “O lojista não gasta nenhum centavo para levar ou buscar as mercadorias, todo esse translado é feito pela prefeitura de cada cidade participante. A nossa despesa é só com o pagamento dos profissionais”, reforça. Lucas ainda elogia o programa e assegura que é bom para todos que participam, tanto o pessoal da costura, como o município, o Estado e o lojista. O empresário expõe que são mais de 20 mil peças por mês distribuídas em seis diferentes cidades.

A lojista Neuza Alves Ribeiro salienta que faz parte do programa desde o início em 2022. A empresária reforça que as equipes são de excelentes profissionais e toda sua produção de aproximadamente mil peças são feitas através do Cinturão da Moda.

“São caprichosos e prestativos.” Neuza relata que manda seus cortes para Bela Vista, Cristianópolis, Ipameri e está na iminência de expandir após o carnaval para outras cidades. “Mando as confecções e fico tranquila por saber que estão em boas mãos”, diz.

Maria Sirlene de Souza é lojista na 44, ela evidencia que não teve dificuldade em fazer parte do programa. Para ela, o programa veio para ajudar os lojistas a produzirem mais, pois está faltando costureiros. Sirlene conta que utiliza os serviços de várias cidades, mas destaca as meninas (como ela chama as costureiras) de Bela Vista por ter uma relação de amizade.

“São todas muito boas profissionais, mas a gente acaba se apegando mais a umas.” Conta. Ela se diz satisfeita com o programa. No entanto, faz uma ressalva quanto a algumas prefeituras que não têm dado o suporte devido e que foi tratado quando aderiam ao programa. “Estou tendo que deixar de mandar para algumas cidades porque não estão fazendo a logística. Aí fica difícil manter a parceria com as meninas dessas cidades”, denuncia. Ela lembra que o programa só é viável para os lojistas porque não pagam a logística.

A empresária Lucinete de Sousa Diniz aponta que a fase inicial do Cinturão da Moda não foi fácil. Lucinete frisa que sempre busca pelos serviços do programa e de acordo com ela, foi uma das melhores coisas que aconteceu para todos os envolvidos. Ela diz que em Goiânia falta um lugar onde exista um polo de costura. “Aqui na capital a gente até acha, porém, é uma em cada bairro, o que dificulta e deixa o produto mais caro. Ter um local onde fará em grande escala e ainda não pagar nada de translado, é ótimo. O Cinturão da Moda poderá mudar para melhor o futuro da 44.”

MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL OPÇÃO

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