Trabalhar em prol de nós mesmos, escolher todos os dias a si, quebrar as crenças limitantes e desconstruir tudo que levamos quase a vida toda para aprender é um processo longo e complexo. Não acontece da noite para o dia como um passe de mágica ou uma transformação no caldeirão de magia.
Desmistificar os sonhos massificados que estão enraizados em nós também demanda tempo, autoamor, autocuidado e autoconhecimento diário. Para quem entende de energia, basta encostar uma mão na outra e começar a esfregá-las, compreende o que estou falando. Trata-se de trabalhar isso tudo, começando por você.
Como assim? O passo inicial é quando você se perde de si. Perder alguém ou algo que amamos é palpável, tem luto, sofrimento e dor, mas a nós mesmos, o caminho é complicado. Porém, há jeito para tudo nessa vida, menos para a morte, como já citou alguém. Temos uma essência única que distribuímos nas nossas relações.
Nós, enquanto mulheres, iniciamos a vida aprendendo que devemos ser submissas, encontrar o príncipe encantado, casar, ter muitos filhinhos e sermos felizes; tal qual propaganda de margarina na televisão. Enfim, a família perfeita! Como se todas fossem assim. É como uma lista do supermercado. Ninguém questiona se aquilo serve, é benéfico ou bom para ambas as partes.
É mais um ritual do que algo verdadeiro. Ninguém questiona uma mulher se ela é feliz com filhos ou sem eles. Ou se apenas não quer ter. Julgamentos existem e batem em todas as portas. Como se exemplo, o religioso fosse cuidar do 5º filho que a mulher “quis” ter ou veio ao mundo porque Deus quis. É o que dizem. Como se a mulher fosse obrigada a aturar o marido a violentando de todas as formas para conservar o tal casamento “feliz” e “para sempre”.
Claro que muitas coisas mudaram. Até meu pai questionou ontem que não via mais mulheres grávidas. Respondi: “A forma de ver, absorver e praticar o ato sexual mudou.” E precisa mudar mesmo, e claro, sem julgar a si. Temos que assumir nossos B.O.s sim, na vida, mas sempre com equilíbrio e responsabilidade. Falo do processo de ser mulher, mas muitos homens foram criados para sustentar, manter e servir uma família.
Alguns não se acham merecedores de que uma outra pessoa pague a conta, divida ou o leve para passear sem as amarras sociais que o prendem. Óbvio que existem muitos homens folgados. Mas estes que não conhecem a prática do merecimento, acham que estão aqui na vida para atender a esposa, os filhos e não deixar faltar nada.
Não vivem um ambiente saudável de descanso porque sempre se sentem culpados se ficarem curtindo o ócio de um final de semana ou feriado. Ninguém é obrigado a nada, nem a romantizar a rotina exaustiva, o trabalho que se você ama será uma diversão. As contas não se pagam com beleza, autoestima ou inteligência. E sim, com muito esforço, trabalho e dedicação.
Os boletos chegam e precisamos honrar com os compromissos, para como minha saudosa avó nos ensinou: ‘ a ter o nome limpo’. Muitos sonham com um casamento na igreja, véu, festa para a família. Outras mulheres até namoram para conhecer o outro, ter uma companhia, mas casamento jamais passou pela sua cabeça. Outras têm filhos sem ser um casal. Aqui o que importa é o amor.
Precisamos tirar esses sonhos massificados da caixinha e entender que o meu sonho não é ruim por ser diferente do seu, e vice-versa. Podemos querer viver um romance, uma relação monogâmica com alguém que nos respeita e trata bem. E não somente seguir o fluxo como a água do rio. Se houver traição, a escolha foi do outro. Devemos praticar mais “ho’oponopono”, trabalhar nossa saúde mental e nos escolher sempre: sem egoísmo, no nosso tempo e verdade.
Caroline Santana – Jornalista especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing