O mais importante jantar da história da humanidade é celebrado hoje (14 de nisã). Páscoa. Pessach. É quase impossível avaliar a dimensão da libertação de Israel do Egito. O valor do ser humano, do Sagrado, da identidade e da liberdade são celebradas numa refeição. As mais importantes ideias que construíram a civilização procedem da Páscoa. As tradições judaica e cristã têm aí seu maior ponto de encontro. As forças do mal, da opressão e da morte têm sua derrota diante do Deus da vida e da vida eterna. Nada supera a Páscoa. O Deus da história que salva seu povo e vence o faraó é o Deus da criação que abre o mar Vermelho. Tempo e Espaço são entrelaçados de modo magistral à sombra do Sagrado Entardecer que aguarda a perpétua refeição. Sem fermento e de modo comunitário a festa proclama a derrota do pecado. Sem falar de que sua memória cura em belas poesias a mais sombria angústia da alma. Vale saborear o Salmo 77, com seu sabor especial:
As águas te viram, ó Deus, as águas te viram e se contorceram; até os abismos estremeceram.
As nuvens despejaram chuvas, ressoou nos céus o trovão; as tuas flechas reluziam em todas as direções.
No redemoinho, estrondou o teu trovão, os teus relâmpagos iluminaram o mundo; a terra tremeu e sacudiu-se.
A tua vereda passou pelo mar, o teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as tuas pegadas.
Guiaste o teu povo como a um rebanho pela mão de Moisés e de Arão.
(Sl 77.16-20)