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Ronaldo Caiado, governador de Goiás: foco na gestão não deixa espaço para conflitos e perda de tempo

Daniel Vilela indica que tom apaziguador de Ronaldo Caiado e desprendimento do seu partido não têm objeção em retorno de Gustavo Mendanha ao MDB. Opositor no pleito de 2022 diz que deseja ajudar governo

Daniel Vilela, vice-governador: tentativa de convencer Executiva de retorno de Gustavo Mendanha
Gustavo Mendanha: mansuetude e palavras apaziguadoras deixam ex-prefeito próxima do MDB

Welliton Carlos

A política de Goiás é um baú de ressentimentos que tem a traição como matriz da maioria dos conflitos. Basta observar cada período. Na década de 1940, a UDN se digladiava internamente para sair unida nas disputas eleitorais. Mas não saía. Ao contrário, ocorria um rosário de traições. Por isso quase sempre perdia. Dentre os ludovicos, na década de 1950, ocorreu afastamento entre os ex-governadores Pedro e Juca Ludovico – a ponto de Mauro, filho de Pedro, enfrentar Juca nas urnas, em 1961. Na abertura democrática, ocorreu separação entre Iris Rezende e Mauro Borges, em 1983. E logo em seguida, entre os emedebistas Henrique Santillo e Iris, em 1987. E daí por diante, muitas separações, cujo final infeliz foi levado para o túmulo de um ou de outro cacique político. Na maioria das vezes, o político com o poder usa todos recursos para anular o oponente.

A semana começa com uma história contrária a tudo que se tem acumulado em Goiás. No sábado, Daniel Vilela (MDB) disse para a imprensa que não vê objeção do retorno de Gustavo Mendanha (Patriota) ao seu partido. Ou seja [caso queira Mendanha] é possível o diálogo.

Conforme Vilela, ao “O Popular”, ele tentará convencer a Executiva do partido quanto ao seu retorno, se o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia realmente mostrar interesse. Antes tarde do que nunca: segundo Vilela, Mendanha tem dado sinais que entende agora os motivos que levaram o MDB a apoiar Ronaldo Caiado para um segundo mandato. “Nossa aliança com o governador Caiado se deu com o objetivo de fortalecer e fazer avançar um projeto político e administrativo que está dando certo para Goiás”. 

Daniel diz que, se “porventura”, Mendanha apresentar interesse de caminhar junto e entender o que de fato ocorreu no processo eleitoral de 2022, não existiria problema na reaproximação.

O líder do MDB também indica que não existe qualquer objeção de Ronaldo Caiado. “O governador Caiado está de alma leve, desarmado, focado unicamente em fazer um governo ainda melhor que o primeiro”, disse Daniel.

Em bom português, está dada a chance ao encontro de Mendanha e Daniel, caso haja interesse na reconciliação. Por trás é que surge a novidade: ao contrário de todos pleitos eleitorais até aqui, um grupo político, com poder e prestígio junto à opinião pública, estende a mão logo em seguida. 

Maturidade

O grupo vitorioso fala em baixar as armas ao “adversário” derrotado. E sem trocas. É cavalheirismo.

Pela primeira vez também adversário não é considerado inimigo. Se os sinais de desprendimento e maturidade se confirmarem, definitivamente será necessário reconstruir as teses da história política recente, que até aqui revelou um passado pouco civilizado. Primeiro, Caiado seria definitivamente apaziguador – e não o “inimigo” que a oposição sempre pinta. Ao contrário de toda propaganda, o governador conseguiu em poucos anos ‘civilizar’ o ambiente político. Fez com os outros o que não foi feito com ele, uma vez que é notória a perseguição enfrentada por Caiado nas décadas anteriores – perdeu prefeitos e aliados. Ficou praticamente só. O momento de trégua indica que as miudezas estão fora das discussões e que definitivamente começou o século 21 na política do Estado. E, segundo, confirma-se a bonomia estampada em Daniel. A aparência é real: político de uma época líquida, em que vale o desrespeito aos compromissos, Daniel é, como o pai e o próprio Iris, homem de outro tempo e de partido. O que se vê até agora é lealdade.

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