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O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), entregou nesta sexta-feira, 2 de maio de 2025, o cargo que ocupava desde o início do governo Lula, há dois anos e quatro meses, após vir à tona um esquema de fraudes e desvios em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em comunicado publicado em rede social, Lupi afirmou: “Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”. O ministro destacou ainda que seu nome não foi citado nas investigações e negou qualquer envolvimento nos ilícitos apurados.

O escândalo ganhou força quando uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que associações voltadas a aposentados cadastravam beneficiários sem autorização, utilizando assinaturas falsificadas para descontar mensalidades diretamente dos benefícios. Estima-se que, entre 2019 e 2024, o prejuízo aos segurados tenha chegado a R$ 6,3 bilhões.

Presidente licenciado do PDT, Lupi chegou a tentar blindar o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, seu indicado, mas a crise forçou sua saída. Na semana passada, Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior para chefiar o instituto, enquanto Stefanutto foi exonerado.

Como sucessor, assume o ex-deputado Wolney Queiroz, que era número 2 na pasta e participou, junto a Lupi, de uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social em 2023, quando os primeiros alertas sobre as fraudes foram discutidos. No entanto, medidas concretas só foram adotadas quase um ano depois.

Em discurso no Dia do Trabalhador, o presidente Lula prometeu acionar judicialmente as associações envolvidas para ressarcir as vítimas: “Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou.

Auxiliares da Presidência afirmam que a permanência de Lupi no cargo tornou-se insustentável, mesmo com o risco de o PDT afastar-se da base aliada no Congresso, onde o governo depende do apoio de fragmentos do Centrão.

No histórico político, Lupi já havia deixado o Ministério da Previdência no governo Dilma Rousseff após denúncias de irregularidades. Apesar da influência no PDT e da aliança com os governos petistas, desta vez ele optou por sair antes de ser eventualmente demitido.

A ação policial apreendeu, entre outros bens, dinheiro em espécie, carros de luxo (incluindo uma Ferrari), joias, relógios e obras de arte. Os investigadores apontam o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes — apelidado de “Careca do INSS” — como o principal operador do esquema, que envolvia 22 empresas registradas em Taguatinga, a 20 km de Brasília.

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