
Por Alan Ribeiro
A ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, se confirmada, pode representar um ponto de inflexão na política e na cultura do país, principalmente no que tange ao movimento “woke”. O termo, amplamente discutido nos últimos anos, se refere a uma conscientização e sensibilidade crescente sobre questões de justiça social, racismo estrutural, desigualdade de gênero, e direitos das minorias. Porém, à medida que Trump ganha terreno nas eleições de 2024, muitos se questionam se a era woke está realmente chegando ao fim.
Trump, conhecido por suas declarações controversas e políticas polarizadoras, tem se posicionado como um crítico feroz da cultura woke, acusando-a de ser excessivamente politicamente correta e de enfraquecer as tradições americanas. A sua retórica contra o “politicamente correto” e os movimentos sociais progressistas foi uma das bases que alicerçaram sua campanha em 2016, e isso pode se repetir, ou até se intensificar, em sua nova candidatura.
Para entender o impacto de sua presidência, é importante analisar como a cultura woke tem sido tratada nos últimos anos. De um lado, o movimento tem promovido um despertar de consciências para as desigualdades históricas e a necessidade de reparação. De outro, críticos apontam que essa conscientização, muitas vezes, se traduz em um excesso de vigilância e um foco em identidades que, para alguns, acabam dividindo mais do que unindo a sociedade.
Trump e seus apoiadores argumentam que o país precisa voltar às suas raízes, resgatando valores conservadores e a ideia de um “sonho americano” que, para muitos, ficou obscurecido por políticas progressistas. Se Trump for reeleito, ele provavelmente implementará medidas que contrariam diretamente o que é entendido como “woke”, como a restrição de programas de diversidade nas universidades e empresas, além de promover uma visão mais conservadora sobre questões de gênero e raça.
Porém, é essencial destacar que a cultura woke não desaparece com a mudança de governo. Mesmo que Trump, caso vença, busque enfraquecer ou reverter algumas das conquistas progressistas, as questões sociais que deram origem ao movimento continuam a ser parte das preocupações da sociedade americana. A desigualdade racial, a luta por direitos LGBTQIA+, e a luta pela igualdade de gênero não desaparecerão, mesmo que a agenda política do país mude.
Além disso, é possível que o fim da era woke não seja tão simples. A cultura de conscientização social, embora fortemente associada ao progressismo, reflete uma demanda maior por responsabilidade social e pela visibilidade das minorias. Mesmo com uma liderança conservadora, essas questões provavelmente continuarão a ser debatidas e, de alguma forma, incorporadas à política e à cultura americana.
Em última análise, a vitória de Donald Trump pode representar um retrocesso nas políticas progressistas, mas não significa, necessariamente, o fim da cultura woke. O movimento pode ser marginalizado ou contestado, mas as questões que ele levantou provavelmente continuarão a ser relevantes para as futuras gerações, que buscam justiça social e uma sociedade mais inclusiva.
Alan Ribeiro
Editor do Blog do Alan Ribeiro e do Portal do Alan